domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sobre Palestras


Outro dia escrevi um texto sobre a forma das pessoas escreverem, de como falam de si através da escrita, eu pessoalmente, detesto ler um texto em que precise do apoio de um dicionário para entender palavras que não fazem parte do meu dia a dia.
Bom texto é aquele que toca a alma, que se lê de uma forma tranqüila, e se absorve cada palavra com o coração. É óbvio que existem textos mais elaborados, técnicos e que por vezes precisamos estudá-los de acordo com as etapas de nossas vidas, me refiro aqui ao texto tipo crônica, ou até mesmo o texto jornalístico algumas vezes.
Mas além do texto, existe outra forma de comunicação que pode se tornar extremamente chata, agoniante até, dependendendo de quem a profere, é a palestra. Tem o tipo de palestrante que nos deixa enebriados , seja pelo tom de sua voz, seja pelas palavras que usa ou pela forma como toca o nosso coração, como falei antes. Esse tipo de palestrante, apesar de detentor de determinado conhecimento consegue transmiti-lo de forma simples e agradável, que tanto o mais intelectual como o mais simples, mais desinformado, conseguem absorver suas palavras de igual forma.
Lembro de quando eu era pequena, na época em que se entregava leite na porta, um conhecido com um bom nível intelectual e financeiro foi convidado para ser padrinho do filho do leiteiro e no dia do batizado fui convidada para ir com eles a igreja. Esse meu conhecido passou na casa do leiteiro e levou ele e sua família de carona, e eu com meus 10 ou 11 anos, observei a forma como ele conversava com o leiteiro, puxando uma conversa sobre pastagem, vacas leiteiras, lavoura. Enfim, ele desceu até onde se encontrava o leiteiro para manter uma conversa agradável e lembro que eu o admirei por isso, fiquei pensando, ele é uma pessoa tão esclarecida, tão culta e conversa de igual para igual com esse senhor que não tem nada a ver com sua realidade. Sempre guardei essa imagem comigo e sempre procurei seguir esse exemplo na minha vida.
Mas, voltando ao palestrante também existe o outro tipo, que faz a palestra para ele mesmo, que ao final as pessoas dizem: Ele fez uma palestra tão bonita, falou palavras lindas, mas eu não entendi nada. Penso que é muito enfadonho ficarmos sentados durante determinado tempo sem conseguir captar a mensagem que está sendo debatida, seja pelas palavras rebuscadas demais para o público presente, seja pelo timbre de voz muito alto ou muito baixo . Eu pessoalmente jamais teria capacidade de falar por determinado tempo para uma platéia, admiro quem consegue despertar o interesse do público por mais de quinze minutos.
Mas acho que o bom palestrante mesmo é aquele que se inspira no Cristo, que ao entender que aquelas pessoas ainda não estavam preparadas para absorver determinados assuntos, se valeu das parábolas para se fazer entender, então é essa a minha crença, um bom palestrante é um bom contador de histórias, ele se despe de todo o seu conhecimento, de toda a sua cultura e se junta ao público tornando-se parte de um deles, dividindo e não transmitindo, trocando e não passando o conhecimento que detém, como fez o Mestre há dois mil anos atrás.