terça-feira, 9 de outubro de 2012

Política e Politicos




POLÍTICA E POLÍTICOS
                                                               Jane Macedo - Porto Alegre\RS

Eu,  como a maioria dos brasileiros cheguei a um estágio em  que não tenho a menor paciência com a classe política (ou melhor com políticos profissionais),  também não  sou uma entendedora das redes e manipulações que esses seres tecem visando seus interesses pessoais.
Mas, diante dos resultados dessas últimas eleições, por mais ignorante que eu possa ser em matéria de política, algumas coisas ficaram muito claras:

O povo se desvinculou de partidos, preferindo votar nas pessoas, porque tem  o  entendimento de que não existem mais partidos de esquerda ou de direita, um que até ontem era esquerda hoje posa abraçado com um mafioso de direita, outro que até ontem defendia os oprimidos, hoje tornou-se um opressor, o que lutou contra a ditadura hoje quer calar a imprensa livre,   e dessa forma os acordos vão sendo feitos em nome da tal “governabilidade”.
A sujeira é muito grande, verdadeiros gangsters estão no poder, as histórias que ouço de cidades do interior - onde antigamente os políticos  tinham um pouco mais de vergonha na cara e a roubalheira era mais  disfarçada – são de arrepiar os  cabelos. Hoje o descaramento é grande e metem as mãos no bolso do  povo em plena luz do dia, enquanto os miseráveis aumentam a sua miséria essa corja aumenta suas contas bancárias na mesma proporção.
Penso,  que como eu percebo isso, a maioria do povo também percebeu, mostrando que não aceitam mais políticos de carteirinha. Não aceitam mais o filho do vereador tal ou do deputado tal que o único atributo que tem para pleitear um cargo de legislador é ser filho do Sr. Fulano ou neto do Sr. Beltrano.
O que falar então dos Tiriricas da vida que ocupam  o horário político com as propostas mais absurdas e indecorosas  do mundo debochando da nossa cara.
O que pensar  dos que só criticam o que seus antecessores  fizeram e não apresentam propostas e nem dizem como pretendem fazer para cumprir suas promessas miraculosas.
O povo mostrou o que pensa dessas pessoas, amadureceu, ficou mais crítico, não aceita mais as propostas  mentirosas  que tentam lhe enfiar garganta abaixo.
Agora,  o que ainda é muito triste de ver são os militantes defendendo seus candidatos com unhas e dentes, brigando com Deus e o mundo em troca de promessas de um empreguinho, uma nomeação para um parente, um carguinho de confiança.  A maioria desses militantes são verdadeiros sanguessugas sempre em busca de uma “boquinha”, são ainda piores que os candidatos, pois eles  tendo  o poder de mudar, vendem suas almas por alguns tostões furados.
Mas enfim, como acredito que estamos em uma época de transições, diante de tudo o que assistimos vejo que uma   mudança para melhor está começando a acontecer.
Pensei em escrever essa pequena reflexão porque acho que não dá mais para ficarmos nos omitindo diante do Mal, temos que vestir nossas armaduras e começarmos a lutar em prol do Bem pois como temos aprendido: Tão grave quanto praticar o Mal é deixarmos de praticar o Bem  quando temos oportunidade.

domingo, 19 de agosto de 2012

SOBRE AMIGOS


“A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo  já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não tem mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me” Antoine de Saint-Exupéry in “O Pequeno Príncipe”

Apesar de Saint-Exupéry ter partido aqui desse planetinha há mais de sessenta anos, seu pensamento não poderia ser mais atual. Hoje, em plena era da globalização, das modernidades, do mundo virtual, os homens continuam sem tempo para fazer amizades, eles têm milhares de amigos em redes virtuais, sabem o que os outros andam comendo, quem está ficando com quem, quem casou, quem separou, onde se passou as últimas férias, mandam cartões virtuais, sorrisos virtuais, vivem virtualmente.

Mas cadê o olho no olho, o calor do abraço, o beijo, o cheiro do perfume do amigo querido? Cadê o compartilhar uma fatia de bolo, uma coca gelada, um chocolate quente?
Se as pessoas soubessem o valor de um amigo verdadeiro teriam maior cuidado com as suas amizades. Maridos e esposas vão-se com o tempo, as paixões arrebatadoras e o amor sem fim acabam dando lugar ao companheirismo, a um sentimento fraterno, mas amizade verdadeira não acaba nunca, um amigo verdadeiro, esse sim é para sempre e nem a morte separa.

Acredito que devemos aprender a olhar mais para os nossos entes queridos, a cuidar mais das nossas amizades que a meu ver são como as plantas: se eu enterrar uma mudinha viçosa e deixá-la ao Deus dará, sem regar, sem adubar, logo ela acabará fenecendo, mas se eu regá-la adequadamente, adubá-la, podá-la, com certeza irá  me devolver belas flores ou frutos ou ambos.

Assim são os amigos, se eu esquecê-los, deixarão de sê-lo, se tornarão meros conhecidos, mas se eu estiver junto quando precisarem, se eu oferecer o meu ombro na hora da dor, o meu sorriso na hora da comemoração, o meu conselho na hora da dúvida, com certeza estarei cativando como o príncipe á raposa, não me tornarei responsável para sempre pois só podemos nos responsabilizar por nós mesmos, mas estarei conquistando o maior tesouro que alguém pode conquistar que é a verdadeira amizade.

Que a partir de hoje comecemos a reservar um tempinho para os nossos amigos, que aprendamos a “compartilhar” nossas melhores emoções com aqueles que nos são caros e sem dúvida nossa vida se tornará mais suave.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sobre Crianças e Sabiás



Tenho o hábito de alimentar passarinhos no meu pátio. Compro alpiste, quirela, girassol, aveia, além de frutas como mamão, banana e laranja e coloco em cima do muro, nas árvores e no pátio, sempre acompanhados de vasilhames com água fresca. O resultado é que sou visitada pelos mais diversos tipos de pássaros. Tem pomba rola, sabiá, bem te vi, João de Barro e vários outros que desconheço o nome, de cores e tamanhos variados.

Tem alguns que se instalaram para valer em minha casa. Um João de Barro fez sua morada em minha sacada, outros no jardim e por último um sabiá (ou uma sabiá) fez seu ninho próximo a churrasqueira. Acompanhei a construção do ninho e o período de chogagem dos ovos até o nascimento de dois bebês sabiás.

Outro dia, enquanto almoçávamos ouvi a maior gritaria no pátio, uma mistura de latidos e gritos de pássaros. Um filhote havia caído do ninho enquanto Fred (meu salsichinha) tentava estraçalhá-lo. Eu e meus filhos corremos e conseguimos salvar o filhote, enquanto Fred salivava imaginando o sabor da caça perdida. Peguei uma escada e coloquei o dito cujo de volta em seu ninho.

Passados dois dias eis que o filhote se joga ao chão de novo, como já estava com penas e bem taludinho conversei com ele e disse que precisava aprender a se virar sozinho e que eu não o colocaria no ninho novamente, mas que não se preocupasse pois Fred permaneceria preso dentro de casa até ele aprender a voar.

Passei a observar o filhote da sacada, dando rasantes pelo pátio e sua mãe sempre observando de cima do muro, trazendo minhocas para alimentá-lo. Uma noite ele dormiu em cima de um pé de couve, outra noite na beira de um vaso, e a dona Sabiá o tempo todo cuidando do filho á distância, até que um belo dia ele levantou vôo e se mandou.

Essa mãe Sabiá me levou a pensar nas crianças com as quais nos deparamos constantemente, abandonadas, sofredoras de maus tratos, tendo seus direitos violados a todo instante, muitíssimas vezes pelos próprios pais, pelos que deveriam zelar, proteger, amparar e que acabam sendo os algozes de seres indefesos.

Quantas vezes cruzamos com mães que carregam bebês como se fossem um saco de farinha, de qualquer jeito, quantas vezes nos deparamos com gestantes fumando, bebendo e se drogando, como se o que carregassem no ventre fosse um saco de batatas e não um ser humano.

Depois recebemos essas crianças nas salas de aulas, encontramo-as nas ruas, nos onibus, nas sinaleiras, e rotulamo-as de marginais, difíceis, mal educadas e tantas outras imprompéries.

Será que se esses rebentos tivessem tido a oportunidade de ter uma mãe sabiá a cuidar deles teriam certos comportamentos e atitudes que nos incomodam e nos chocam? Reflitamos sobre isso.

Eu acredito que não, e tenho convicção de que a raiz de todos os males, de toda a marginalidade entre crianças e jovens tem apenas uma raiz: a falta de amor, a falda de cuidado e de proteção.

E que fique bem claro, essa ausência de cuidados não é restrita apenas as camadas mais pobres da população, ela se encontra também em lares abastados com mesas fartas e todo o tipo de conforto.

Afinal de contas, os grandes bandidos de nosso país que usam terno e gravata, e que através de uma simples assinatura ao fazerem leis e desviarem verbas, deixam milhões de cidadãos em condições de miséria total se tivessem tido pais cuidadosos, bons exemplos, valores morais sólidos, será que agiriam dessa forma? Penso que não.

Nesse ano que acabou de começar que bom seria se pudéssemos ter mais mães sabiás a cuidar de nossos futuros cidadãos, para podermos acreditar em um País com mais justiça e igualdade para todos.