terça-feira, 23 de junho de 2009

Mães


Quando se fala em mãe, predomina uma tendência de endeusamento, parece que mãe é um ser de luz infalível, dotado de super poderes capaz de resolver qualquer problema.
Estou falando sobre esse tema com um certo conhecimento de causa, afinal sou filha e sou mãe.
Sem dúvida alguma, e tirando a ironia, é claro que mães são seres dotados de amor ilimitado, paciência idem, etc... etc... porém desconheço criatura que tenha maior facilidade em se sentir culpada do que as mães. Se culpam porque o filho come demais, porque o filho não come, porque está muito quieto, porque é muito falante, porque não quer tomar banho, porque tem mania de limpeza. Para!!!!!!
Gente, mãe é um ser humano como outro qualquer, falível sim, cheio de qualidades e de defeitos também. Nossos filhos antes de serem nossos filhos são nossos irmãos que aceitamos receber para amparar, educar, ajudar na sua caminhada evolutiva e um belo dia, quando suas asinhas estiverem grandes deixar que possa alçar vôos sozinhos.
Acontece que tem mães que estão sempre cortando as asinhas de seus filhos para que eles não voem e fiquem sempre na barra de suas saias. Se essas mães soubessem o estrago que estão fazendo na vida desses filhos, iriam mudar de atitude rapidinho.
Tem marmanjo com quase trinta anos, e as vezes até mais, que tem o nescauzinho preparado pela mamãe, a roupinha lavada do jeito que ele gosta, sem falar nas necessidades financeiras, prontamente atendidas por estas que se matam trabalhando para atender as necessidades do rebento.
Um filho desses nunca será um homem de verdade, com autonomia para tomar decisões e responder por estas quando forem erradas. Um filho desses nunca irá arrumar uma companheira que ande lado a lado com ele na construção de uma nova vida, ou irá arrumar uma mulher (quase sempre mais velha) que assuma o papel da mãe, ou uma totalmente submissa, que se submeta a seus caprichos como a sua progenitora.
Estas mães não educam, elas deseducam, se tornam uma espécie de bengala, da qual os filhos nunca se livram, porque não aprenderam a andar com as suas próprias pernas, e as coitadas acham que são muito boas, que são verdadeiras heroínas por estarem fazendo tudo pelos seus filhinhos. Agradeçam se estes não se envolverem com drogas, pois este é outro comportamento típico desses filhos, afinal nunca nada lhes foi negado, no momento em que se depararem com a primeira frustração fogem rapidinho para este mundo ilusório.
Mãe boa não é aquela que fica esquentando o umbigo no fogão para preparar o prato preferido do marmanjo, ela o chama e ensina-o, prepara junto com ele, para que ele mesmo possa fazer quando ela não estiver presente.
Mãe boa não é aquela que o filho pede uma graninha e ela já vai correndo pegar a bolsa, ela até pode ter a graninha, mas vai dizer que no momento não tem, que quem sabe se cortarem alguma despesa... dessa forma o filho irá entender que dinheiro não dá em árvores, que não está sempre disponível na hora em que se precisa, que é necessário “suar” para tê-lo.
Mãe boa é aquela que com o coração partido e os olhos marejados diz NÃO para algo que ela sabe que o filho queria muito, mas que é uma forma de castigo por uma atitude errada que ele teve lá atrás.
Mãe boa é aquela que diante de suas cobranças ouve o filho dizer “vou embora desta casa!” e ela abre a porta e diz “então vá !” (eles não vão, mas aprendem a não chantagear suas mães).
Mãe boa é aquela que não tapa o sol com a peneira e enxerga quando seu filho está dando sinais de que algo não está bem, e não tem vergonha de procurar a ajuda necessária, seja com médicos, psicólogos ou psiquiatras.
E principalmente, para encerrar, é como eu disse anteriormente, mãe boa sabe que seus filhos, não são seus filhos, são irmãos que estão temporariamente sob sua tutela, para que possam se desenvolver, crescer, ter autonomia e construírem suas histórias, e sabendo disso, essas mães não se preocupam apenas em atender as necessidades materiais de seus filhos, elas cuidam das suas almas, elas cuidam também e principalmente das suas necessidades espirituais.