Li esse texto em ZH e resolvi mandar para o pessoal da minha lista, mas discordo de algumas coisas, não acho que o motorista de Porto Alegre é pouco solidário, acredito que ele é NADA SOLIDÁRIO, É ZERO SOLIDÁRIO, passo no mínimo duas horas por dia no trânsito e perdi a conta das atrocidades que vejo. Quando se quer trocar de faixa de trânsito, começa-se a dar o sinal e o motorista de trás, da outra faixa em vez de diminuir a velocidade acelera, imagino que pensando "você não vai passar na minha frente seu imbecil, eu sou muito melhor que você", e os que param em cima da faixa de pedestres, ou que nem sabem o que é e para que serve uma faixa de pedestres? E os que andam na faixa da esquerda a 20 km por hora, e são capazes de tirar um revólver do porta-luvas e atirar se você ousa dar uma sinal de luz pedindo passagem porque está com pressa??
Há um tempo atrás presenciei uma cena em que um motorista entrando no Hospital da PUC, estava com o alerta ligado e buzinando, pedindo passagem, ora se eu tiver UM neurônio vou deduzir que para ele estar desesperado desse jeito na entrada de um hospital é porque está com uma pessoa passando mal dentro do carro, prontamente joguei meu automóvel para a direita e o deixei passar, mas quem diz que os outros motoristas deixaram, o coitado do motorista jogava metade do corpo para fora do carro pedindo passagem e ninguém dava a mínima. Estacionei meu carro e quando estou entrando na sala da emergência, o motorista desesperado está ao lado de uma mulher com as pernas para fora do carro segurando o bebê que acabara de nascer, graças a "solidariedade" do motorista de Porto Alegre, dentro do carro.
Quanto a "hospitalidade gaúcha" é melhor nem falar nada, só dizer, viajem para outros estados do Brasil (por incrível que pareça, existem outros além do Rio Grande do Sul) e depois venham me falar em hospitalidade.
Só para ficar claro, sou gaúcha da Fronteira mas jamais vou achar que os habitantes desse estado sejam melhores ou piores que quaisquer outros, como falei outra vez, tem suas peculiaridades, como as tem os cariocas, paulistas, mineiros...
Jane Macedo (Gaúcha e motorista em Porto Alegre)
“Em Porto Alegre, o motorista é pouco solidário”
Lister Parreira Duarte
Engenheiro paulista que morou em Porto Alegre
Ele olha para frente, para o umbigo, mas não olha para a sua volta. Você sai de uma garagem em São Paulo, pede licença com o olhar, fazendo um sinal com a cabeça, e ele cede. Em Porto Alegre, o motorista desvia o olhar, acelera e diz “na minha frente não, tchê”. O motorista aí, quando olha em volta, é porque quer briga. Os taxistas fazem sinais obscenos, reclamam, buzinam, aceleram...tudo isso com passageiros no carro. Isso acontecia em São Paulo, mas na década de 70. Nas grandes artérias, que são avenidas de três, quatro ou cinco pistas, em São Paulo você dá o sinal, começa a negociar com os motoristas com o olhar e consegue mudar de pista. Nas ruas de Porto Alegre tu só consegue fazer retorno num descuido de outro motorista. Ande 45 minutos no trânsito da cidade que você vai ver tudo isso que estou falando. Tenho liberdade para falar isso porque me sinto meio gaúcho: morei na cidade, tenho amigos e viajo várias vezes para Porto Alegre. Quando o gaúcho apeia do deu “pingo de lata” tem pouco lugar no Brasil tão hospitaleiro. Talvez essa raiz e vocês, do cara andar pelos campos montado a cavalo e guerreando, preocupado em levar um tiro de um castelhano, tenha colaborado para isso. O porto-alegrense anda de carro como se estivesse no meio de uma guerra.
Texto publicado no Jornal Zero Hora, em 02/09/2009, p.5
Há um tempo atrás presenciei uma cena em que um motorista entrando no Hospital da PUC, estava com o alerta ligado e buzinando, pedindo passagem, ora se eu tiver UM neurônio vou deduzir que para ele estar desesperado desse jeito na entrada de um hospital é porque está com uma pessoa passando mal dentro do carro, prontamente joguei meu automóvel para a direita e o deixei passar, mas quem diz que os outros motoristas deixaram, o coitado do motorista jogava metade do corpo para fora do carro pedindo passagem e ninguém dava a mínima. Estacionei meu carro e quando estou entrando na sala da emergência, o motorista desesperado está ao lado de uma mulher com as pernas para fora do carro segurando o bebê que acabara de nascer, graças a "solidariedade" do motorista de Porto Alegre, dentro do carro.
Quanto a "hospitalidade gaúcha" é melhor nem falar nada, só dizer, viajem para outros estados do Brasil (por incrível que pareça, existem outros além do Rio Grande do Sul) e depois venham me falar em hospitalidade.
Só para ficar claro, sou gaúcha da Fronteira mas jamais vou achar que os habitantes desse estado sejam melhores ou piores que quaisquer outros, como falei outra vez, tem suas peculiaridades, como as tem os cariocas, paulistas, mineiros...
Jane Macedo (Gaúcha e motorista em Porto Alegre)
“Em Porto Alegre, o motorista é pouco solidário”
Lister Parreira Duarte
Engenheiro paulista que morou em Porto Alegre
Ele olha para frente, para o umbigo, mas não olha para a sua volta. Você sai de uma garagem em São Paulo, pede licença com o olhar, fazendo um sinal com a cabeça, e ele cede. Em Porto Alegre, o motorista desvia o olhar, acelera e diz “na minha frente não, tchê”. O motorista aí, quando olha em volta, é porque quer briga. Os taxistas fazem sinais obscenos, reclamam, buzinam, aceleram...tudo isso com passageiros no carro. Isso acontecia em São Paulo, mas na década de 70. Nas grandes artérias, que são avenidas de três, quatro ou cinco pistas, em São Paulo você dá o sinal, começa a negociar com os motoristas com o olhar e consegue mudar de pista. Nas ruas de Porto Alegre tu só consegue fazer retorno num descuido de outro motorista. Ande 45 minutos no trânsito da cidade que você vai ver tudo isso que estou falando. Tenho liberdade para falar isso porque me sinto meio gaúcho: morei na cidade, tenho amigos e viajo várias vezes para Porto Alegre. Quando o gaúcho apeia do deu “pingo de lata” tem pouco lugar no Brasil tão hospitaleiro. Talvez essa raiz e vocês, do cara andar pelos campos montado a cavalo e guerreando, preocupado em levar um tiro de um castelhano, tenha colaborado para isso. O porto-alegrense anda de carro como se estivesse no meio de uma guerra.
Texto publicado no Jornal Zero Hora, em 02/09/2009, p.5