quinta-feira, 16 de abril de 2009

Eu acredito na paz.




Ainda bem que não estamos na Idade Média, pois com certeza eu seria queimada na fogueira pelas palavras que escreverei. Outro dia só em sugerir que os professores pudessem refletir sobre suas práticas e entendessem que são seres humanos factíveis de erro, recebi palavras da mais baixa ordem. Imaginem agora eu falando sobre a relação pais-filhos.

Mas vamos lá, que venham as pedras... Durante essa semana fique abalada pela notícia da mãe que matou o filho usuário de drogas, talvez porque eu tenha um filho (não usuário de drogas) com problemas comportamentais, fiquei muito sensibilizada com essa história.

Não quero julgar e muito menos atirar a primeira pedra, mas será que a história precisava ter tido esse desfecho? Será que essa mãe no momento em que saiu para pegar uma arma (acredito que pessoas pacíficas não tem armas dentro de casa) não poderia ter se trancado e chamado a brigada militar?

Acredito que nada acontece por acaso e que os filhos são resultado da educação e da formação que recebem (tirando-se as patologias é claro). E com conhecimento de causa quero dizer aqui que crianças abandonadas, não são aquelas que vem na janela do nosso carro pedir moedinhas na sinaleira e nem aquelas que dormem nas calçadas de nossas cidades em cima de papelões.

Crianças abandonadas também se encontram dentro de belas mansões e estudando em escolas caríssimas. Conheço histórias de mães que ao terem seus filhos os entregam ao cuidado de babás, e quando vão revistas e jornais fotografá-las em suas casas, sentam na cadeira de balanço com o bebezinho no colo, como se fossem a mais doce das mãezinhas. Sei da história de um menino que o mínimo (15 anos) de dinheiro que ele anda no bolso é R$ 500,00, freqüenta a casa de uma amiga minha e se sente bem lá, pelo aconchego de família que paira no ambiente, essa amiga nunca viu os seus pais, sabe que é um médico bem sucedido que ela vê nos programas de TV, outro dia encontrou esse Sr. na porta da escola e foi se apresentar como a mãe que recebia o filho dele em sua casa, ele meteu a mão no bolso e deu uma nota para ela comprar um livro que o filho precisava, minha amiga “desceu das tamancas”, virou as costas e foi embora...

Estou citando esses exemplos para que possamos entender, que se um filho nosso se perdeu pelo caminho, será que nós como pais fizemos tudo o que podíamos? Será que um lar onde se vive de acordo com os ensinamentos do Cristo dá brecha para esses tipos de acontecimentos? Será que conversamos sobre drogas o suficiente com nossos filhos? Será que deixamos nossos filhos desejarem e esperarem por determinados objetos ou no momento em que eles manifestam um desejo já vamos correndo atender?

Uma criança que não convive com frustrações irá tolerar a frustração quando entrar na adolescência ou irá procurar a fuga nas drogas?
Tem um texto que circula na Internet chamado “Mães Más”, de acordo com esse texto acho fundamental que sejamos “Pais Maus”, que sejamos chatos, que queiramos saber onde nossos filhos vão, quem são os seus amigos e a família dos seus amigos, que tenham horário para voltar, que se responsabilizem pelos seus atos.

Muitas vezes recebi em minha casa para dormir, quando meus filhos eram pequenos crianças de seis, sete anos que eu não conhecia os pais, simplesmente largavam no meu portão e iam embora, sorte desse pais que na minha casa não tinha um pedófilo, um traficante... e se tivesse? E se seu filho tivesse sido abusado, fotografado e suas fotos circulado pela internet? É um risco que eles correram ao largar seus filhos para dormir na casa de alguém que não conheciam.

Então minha gente, que fique claro, por melhores que procuremos ser, por mais amorosos (excesso de amor também faz mal) que sejamos, também temos falhas enquanto pais. Se um filho nosso está passando por dificuldades, além de procurar ajuda de profissionais para esse nosso filho, temos que procurar ajuda também para nós, para que aprendamos a lidar com a situação.
Como eu disse anteriormente, falo com conhecimento de causa, já trabalhei com jovens que precisei colocar no meu carro e levar para o HPS, tendo uma overdose, ou então fui chutada no peito tentando segurar uma criança no desespero pelo crack, perdemos algumas dessas crianças, mas salvamos a maioria, só com apoio, com carinho e com ajuda de psicólogos e médicos é claro.

Apesar da dor e do sofrimento, nunca pensamos em dar um tiro para acabar com o sofrimento de qualquer uma das partes, chegamos sim a abrir o portão e mandar embora, depois de inúmeras tentativas fracassadas.

Se essa mãe tivesse a consciência tranqüila de ter feito tudo por seu filho, será que não teria sido mais fácil tomar essa atitude, abrir o portão e mandar embora, dar uma basta na situação, será que precisava tirar a vida?

E o que me chocou mais ainda foram os comentários colocados na internet a respeito dessa notícia, alguns dando parabéns a mãe por ter eliminado o monstro, hoje pela manhã em uma pesquisa de uma emissora de rádio, mais de oitenta por cento dos ouvintes concordaram com a atitude da mãe.

Quanta violência, parece que as pessoas tem sede de vingança e acreditam que violência só se resolve com violência. Pode ser que eu esteja delirando, que seja uma louca, mas eu ACREDITO NA PAZ, acredito que violência pode ser minimizada com atitudes pacíficas.
Agradeço comentários a esse respeito, quero acreditar que não estou sozinha.

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